Este poema de Guilherme Jacobsen é publicado segundo o exercício de Escrita Automática.
Guilherme Jacobsen é psicólogo e poeta, autor, com Vitória Vozniak, de Verbo primordial:.
Nada. É a falta que nos constitui, que aparece como âncora,
correr, é preciso correr! não desejei que Nada fosse presente e no entanto me encontro sempre no espaço dessa ausência
violentamente preenchida com letras piscantes e efêmeras
Nada. E um maquinário, cérebro de silício sustenta o esquecimento do nosso imaginário
em circuitos lógicos designados por regras semânticas
a própria criação hominídea à sua imagem e semelhança
há ainda quem não saiba que os computadores surgiram do confronto humano com seus paradoxos
paredes supostas contendo seu delirante avanço ao infinito
quando não é possível estabelecer determinações dentro das próprias regras
posso ser feliz se e somente se não precisar ser feliz
como um programa que é o início de seu próprio fim
emperrada engrenagem de placa arranhada
Nada. Há de haver sempre um retorno das coisas
num momento de pausa os olhos cegados pela luz da viagem recriam cenas da infância
algo de diferente acontecia no mundo
antes das histórias contadas.