E se a religião grega antiga se tivesse tornado mundial?

imagem: Adeel Anwer

No artigo “A posição de Ficino sobre Aristóteles dentro do debate renascentista“, publicado na edição setembro-novembro/23 da Úrsula, o pesquisador Daniel Plácido fala de uma previsão do futuro – no fim das contas, falhada –, feita por um filósofo para outro, isto é, de Gemistos Plethon (1355-1453) a George de Trebizonda (1395-1486). Mesmo sem sucesso, essa “profecia” pode ser sugestiva.

A conversa ocorreu à época do Concílio da União ou Concílio de Ferrara-Florença, o qual, entre 1438 e 1439, “tentou reunir a Igreja ocidental e a Igreja oriental, separadas desde o século XI”. Nesse cenário, Daniel comenta:

Plethon era um platonista radical, inclusive suspeito de flertar com o paganismo, mas sua inteligência e erudição sobre a cultura helênica eram objeto de admiração na corte real bizantina. Naquela época do Concílio, segundo o relato de George de Trebizonda, Plethon lhe teria dito que o paganismo helênico em breve substituiria o cristianismo e o islamismo como religião mundial, previsão que, contudo, não se concretizou.

Sim, sabemos – não se concretizou. Mas e se tivesse? Propomos essa premissa a vocês, escritores. Como seria o nosso mundo se em vez de igrejas e mesquitas ele fosse repleto de templos dedicados aos variados deuses gregos? Se o mundo não fosse em imensa parte cristão ou muçulmano, mas apolíneo ou dionisíaco (entre outras possibilidades…)? Quais impactos históricos isso teria? O que se transformaria na cultura, nas subjetividades? Que personagens e narrativas podem ser escritos em um universo assim?

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